Tá ouvindo esse barulho?
É o som da caneta escrevendo no livro da minha história..
O que será que ela vai dizer, o que será que ela vai excluir, o que deixará de ser escrito? O que estará em negrito?
Esse som, esse mesmo som, perturba meu sono. A caneta que
não para escreve sem parar, e na maior parte do tempo eu não gosto muito de
como ela vai.
Ela escreve, meu agora, no tempo marcado, algo que não pode
ser apagado. Escreve quem eu sou, e não as versões de mim mesma que eu tento
pintar em minha cabeça. Tudo termina e recomeça a cada palavra, e pode ou não
ser do jeito que eu imaginava.
Mas ela não se cansa, a caneta da vida, vai contando a sua
história sem traços, sem pontos, sem vírgulas. Vai deixando escrito o que é pra
ser memorável, o que não fizer sentido, o que não deve ser lembrado. Os
momentos felizes, os embaraçosos, os tristes, os normais. Um tique taque
pulsante, de um relógio que não para..de um escritor que não se cansa.
E ela segue, e eu sigo, quase sempre nas entrelinhas,
espremida, buscando uma válvula de escape, uma mudança no curso, um novo
paragrafo. A cada linha, eu vou, me espreitando por entre os acontecimentos e
buscando encontrar aquilo que perdi n'algum lugar.
Mas a caneta não se importa, ela ignora as minhas tentativas e só apresenta o que é fato, o que está escrito, o que está fadado, pontuado na linha do tempo intangível.
Mas a caneta não se importa, ela ignora as minhas tentativas e só apresenta o que é fato, o que está escrito, o que está fadado, pontuado na linha do tempo intangível.
Imutável.
O som da caneta no papel me alcança no silêncio do meu café
sobre a mesa, enquanto penso em mudar minha vida. A tinta é tão negra como o meu
café, e eu continuo hesitando. Febril, me agarro a caneta, faço dela meu
cavalo, pra me deixar conduzir e pra conduzir também..e não adianta..
ela continua escrevendo..
ela continua escrevendo..
Já não sei mais quem sou eu. Se sou eu mesma ou se sou a
própria caneta.
Agora o som está dentro de mim, pulsando, escrevendo, pichando meu muros internos ..corrompendo a minha alma. O som..esse som.
Agora o som está dentro de mim, pulsando, escrevendo, pichando meu muros internos ..corrompendo a minha alma. O som..esse som.
Ele não me deixa.
Ou sou eu que não o deixo ir?
Já não sei mais..
apenas sei que a caneta ..ainda agora, continua escrevendo.
Ouvindo_You Only Live Once_The Strokes
Ou sou eu que não o deixo ir?
Já não sei mais..
apenas sei que a caneta ..ainda agora, continua escrevendo.
Ouvindo_You Only Live Once_The Strokes
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