sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Uma moeda e um cara.




Era aquilo ou nada, pensava eu.
O dia não passava e as noites eram curtas demais pra qualquer devaneio tolo.
Eu que já não raciocínava decentemente, ficava entre o dia e a noite, aguentando a morte calada do meu ser.
Foi então que pensei em mudar.
Procurar um lugar novo, conviver com outras pessoas, me embrenhar naquela cidade que me parecia tão grande e desconhecida.Talvez quem sabe cortar o cabelo, colocar um piercing.Mas nenhuma idéia adiantaria de qualquer forma.
A saída pra essas coisas, é mesmo enfrentá-las.

Me joguei na noite.
Em busca de bares vazios e homens sozinhos.
Topei com um cara, sentado num balcão tomando um whisk barato.
Era tudo tão clichê que pensei em me jogar na frente de um carro, assim que saísse dali, mas enquanto eu divagava sobre as possibilidades de morte, ele disse:
"- Ei, tudo bem?"

A voz dele era suficientemente rouca pra me tirar do sério. 
Respondi friamente:

"- Tudo"

Minha cara de poucos amigos não devia alimentar mais nenhum assunto, pensei frívola, enquanto solicitava ao garçom uma cerveja gelada. Mas ele seguiu:

" Tem dias que a gente levanta da cama com uma vontade de sumir.."

Eu respondi em tom de brincadeira:

"Ou com vontade de sumir com alguém"

Ele respondeu sorrindo:

" É.."

Eu, sem perceber soltei a pérola:

" Pior é acordar sem ninguém na cama"

Ele em silêncio, fez que sim com a cabeça e nada disse.
Eu fiquei exatos três segundos, me torturando e confabulando coisas pra consertar aquela besteira, mas ele finalmente falou:

" Bom, por outro lado isso acaba com o problema de ter que sumir com alguém, não é mesmo?"

Fiquei aliviada por não ter que consertar a cagada, mas achei que aquele papo embora intrigante estava muito vazio,quando fui me despedir ele disse:

"Espera, tem uma coisa que eu quero te dar.."

Eu exitei um pouco, mas ele pegou minha mão, e entregou um colar com uma espécie de moeda furada.

Eu ironizei

" Numa noite dessas, você ainda me entrega uma moeda furada?"

Ele me olhando sério, disse apenas que era pra eu usá-la quando estivesse mal ou chateada.Pensei:

" Com tanta coisa acontecendo, porque não usar uma moeda furada no pescoço"

Agradeci e sai de mansinho em busca de um lugar mais animado, e caras menos misteriosos.
Caminhei lentamente em direção a rua, acendendo o último cigarro da carteira.
Quando estava no final da rua, senti uma mão agarrar meu braço e me puxar.
Era o cara do bar, de novo.

Não tive tempo sequer de perguntá-lo.
Quando olhei sua boca já estava na direção da minha.

Uma sensação estranha circundava meu pescoço.
Era como se estivesse tomando uma dose cavalar de energia instantânea.
O beijo dele ia atravessando meu corpo, provando arrepios.
E por mais que estivesse num momento mágico, senti uma vontade gritante de dar risada.
Enterrompi o beijo e entre risadas, perguntei:

"O que foi isso?"


Ele chegou perto do meu rosto, deixando suavemente sua barba roçar na minha bochecha e disse:

" Mistérios são para idiotas"

Me beijou uma segunda vez, agora com a mão esparramada nas minhas costas me apertando contra ele e saiu.

Aquilo parecia um sonho, um daqueles sonhos bons que acabam rápido.
Resolvi continuar meu caminho, brincando, sem perceber, com a moeda furada por entre os dedos.




Os dias passaram, e aquilo não lhe saia da cabeça.
O beijo, o cara, o que ele tinha dito.
Se mistérios são para idiotas, porque ele mesmo fazia tanto mistério.
Será que ele era um grandissíssimo espécime do Home Erectus Idiotis?


Continua...






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2 comentários:

Anônimo disse...

No dia seguinte, levantei, ou melhor, me arrastei pra fora da cama, parecia que tinha lutado contra um lutador do UFC, e pelo jeito tinha perdido por nocaute, fui até o banheiro pra lavar o rosto, mas quando vi meu reflexo no espelho quase caí, eu estava estranha, mês rosto estava mais magro, os olhos mais profundos, com olheiras enormes, mas eu não me lembrava do que eu poderia ter feito pra ficar assim.
A única coisa que eu lembrava era do beijo do cara e da moeda que estava ainda pendurada em meu pescoço. Voltei tonta pra cama e me sentei, fiquei olhando os meus sapatos imaginando a maneira mais fácil de calçá-los sem ter que fazer nenhum esforço, acabei por optar pelos chinelos que estão mais fáceis, enquanto calçava os chinelos ( e pode acreditar eu demorei pra fazer isso), Olhei para minhas pernas e elas estão fracas numa cor amarela, me levantei e fui até a cozinha fazendo o máximo para me manter de pé, peguei um pão e a manteiga e olhei para janela na esperança de um sol, já que a mais de 2 semanas que chovia e a temperatura não passava dos 16º.

Quando Olhei para janela, tomei um susto, vi o mesmo homem que me beijara na noite passada, do outro lado da rua, me encarando profundamente, parecia que ele estava tão perto quanto na noite anterior, assim que o vi senti a moeda esquentando contra meu peito, minha visão ficou turva por um momento, e quando olhei de novo para fora, o homem não estava mais La, naquele momento corri para porta de entrada para certificar de que ela estava trancada, assim que cheguei à sala dei de cara com o homem.
Ele parecia mais forte e maior, mas sua forma tremeluzia como a de um fantasma. Peguei o pão que segurava e joguei na cara dele.

- Calma criança, não precisa ter medo
A voz dele já me fazia ter muito medo
-Percebo que você não esta muito bem, parece debilitada, mas não se preocupe as primeiras horas são sempre assim.
-Que primeiras horas?! Como assim?! O que você fez?!
-Hummm.... Calma eu vou cuidar de você.
Nessa hora ouvi mos um barulho do lado de fora, o homem olhou assustado pela fresta da janela da sala e me disse:
-Nossa conversa terá que ser adiada criança, mas não se preocupe, nos veremos em breve, e lembre-se, não tire essa moeda do seu pescoço, ou morrerá.
Na mesma hora ele levantou a mão e moeda esquentou de novo, mas dessa vez o calor se estendeu pelo meu corpo e como uma manta, fiquei sem forças e caí.

Ouvi vozes e pessoas entrando em minha sala, o homem tinha sumido, senti meu corpo ser levantado e colocado numa maca e rosto de um velho com um capuz olhou pra mim e disse, sem mexer lábios:
-Durma agora, não lute, você vai ficar bem.

Anônimo disse...

A pontuação esta uma droga. rs, mas fiz na rapidinho.